uma oposição muito clara organiza e domina a vida quotidiana dos quaiaqui: aquela os homens e das mulheres, cujas atividades, marcadas fortemente pela divisão sexual das tarefas, constituem dois campos nitidamente separados e, como aliás em todos os lugares, complementares;
a floresta e o acampamento encontram-se assim dotados de signos contrários conforme se trate de homens ou de mulheres;
podemos então medir o valor e o alcance da oposição sócio-econômica entre homens e mulheres porque ela estrutura o tempo e o espaço dos guaiaqui; e eles têm uma consciência clara disso e o desequilíbrio das relações econômicas entre os caçadores e suas esposas se exprime, no pensamento dos índios, como a oposição entre o arco e o cesto;
a pedagogia dos guaiaqui se estabelece principalmente nessa grande divisão de papéis;
logo aos quatro ou cinco anos, o menino recebe do pai um pequeno arco adaptado ao seu tamanho; a partir de então ele começará a se exercitar na arte de lançar com perfeição uma flecha;
complementar é o destino da mulher; menina de nove ou dez anos, recebe de sua mãe uma miniatura de cesto, cuja confecção ela acompanha atentamente;
os guaiaqui apreendem essa grande oposição, segundo a qual funciona a sua sociedade, por meio de um sistema de proibições recíprocas: uma proíbe as mulheres de tocarem o arco dos caçadores, outra impede os homens de manipularem o cesto;

adaptado de clastres, pierre: o arco e o cesto, 1966